Adão e Eva parte 2


Os corpos de Adão e de Eva emitiam uma luz difusa, e eles sempre usavam roupas em conformidade com os costumes dos povos aos quais se ligaram. Embora usassem pouca roupa durante o dia, à noite ficavam envoltos em cobertas noturnas. A origem do halo tradicional que envolve as cabeças dos homens supostamente pios e santos retroage aos dias de Adão e Eva. As emanações dos seus corpos eram tão fortemente obscurecidas pela roupa, e sendo assim apenas a auréola que se irradiava das suas cabeças era discernível. Os descendentes de Adamson sempre retratavam com esses halos o seu conceito de indivíduos que se acreditava serem extraordinários em desenvolvimento espiritual. Adão e Eva podiam comunicar-se um com o outro e com os seus filhos diretos a uma distância de oitenta quilômetros. Essa troca de pensamentos era feita por meio das auréolas delicadas de gás, localizadas muito perto das estruturas do seu cérebro. Por meio desse mecanismo, eles podiam enviar e receber oscilações de pensamentos. Esse poder, porém, foi instantaneamente suspenso quando eles cederam espaço nas suas mentes para a discórdia e a desagregação do mal.


As crianças Adâmicas freqüentavam as suas próprias escolas, até a idade de dezesseis anos; as mais jovens sendo ensinadas pelas mais velhas. Os pequeninos se alternavam nas atividades a cada trinta minutos, os maiores a cada hora. E, de certo, era uma visão nova na Terra observar essas crianças de Adão e Eva brincando, em atividades alegres e vivificantes, só pelo prazer da diversão. Os jogos e o humor
das raças dos dias atuais derivam-se todos das raças Adâmicas. Os adamitas, todos, tinham uma elevada apreciação da música, bem como um agudo senso de humor.

A média de idade para o noivado era dezoito anos, e esses jovens então iniciavam um curso de dois anos de instrução e preparo para assumir as responsabilidades maritais. Aos vinte anos, eles estavam aptos para o casamento; e, depois do casamento, começavam o trabalho das suas vidas ou entravam em preparação especial para ele.

A prática de algumas nações posteriores, de permitir que nas famílias reais, supostamente
descendentes dos deuses, os irmãos se casassem com as irmãs, data das tradições das progênies Adâmicas, pois eles não podiam senão casar-se entre irmãos. As cerimônias de casamento da primeira e segunda geração do Jardim eram sempre oficiadas por Adão e Eva.

A Vida no Jardim

Os filhos de Adão, exceto pelos quatro anos em que freqüentavam as escolas do oeste, viviam e trabalhavam no “leste do Éden”. Eram educados intelectualmente até os dezesseis anos de idade, de acordo com os métodos das escolas de Jerusém. Dos dezesseis aos vinte anos, eles instruíam-se nas escolas da Terra , na outra extremidade do Jardim, servindo ali também como professores para os graus anteriores.

 Todo o propósito do sistema das escolas do oeste do Jardim era a socialização. Os períodos matinais de recreação eram dedicados à horticultura e à agricultura práticas; os períodos da tarde, aos jogos competitivos. As noites eram gastas em relações sociais e no cultivo de amizades pessoais. A educação religiosa e sexual era considerada domínio do lar, um dever dos pais. O ensino nessas escolas incluía a instrução sobre:

Saúde e cuidados com o corpo.

A regra de ouro, o modelo das relações sociais.

A relação dos direitos individuais com os direitos grupais e as obrigações comunitárias.

A história e a cultura das várias raças da Terra.

Os métodos para implementar e fazer o comércio mundial progredir.

A coordenação dos deveres e emoções conflitantes.

O cultivo dos jogos, humor e substitutos competitivos para as lutas físicas.

As escolas e todas as atividades do Jardim de fato estavam sempre abertas aos visitantes.

Os observadores desarmados eram livremente admitidos ao Éden, para visitas curtas. Para permanecer no Jardim, um Terrestre tinha de ser “adotado”. Ele recebia instruções sobre o plano e sobre o propósito da
outorga Adâmica, expressava a sua intenção de aderir a essa missão, e então fazia a declaração de
lealdade ao regime social de Adão e à soberania espiritual do Pai Universal.

As leis do Jardim eram baseadas nos códigos mais antigos da Dalamátia e foram promulgadas sob setediretrizes:

As leis sanitárias e de saúde.

As regulamentações sociais do Jardim.

O código das negociações e do comércio.

As leis da conduta eqüitativa e das competições.

As leis da vida familiar.

O código civil da regra de ouro.

Os sete mandamentos da lei moral suprema.

A lei moral do Éden era pouco diferente dos sete mandamentos da Dalamátia. Mas os adamitas ensinavam muitas outras razões para esses mandamentos: por exemplo, a respeito da injunção contra o homicídio, a presença do Ajustador do Pensamento residente foi dada como um motivo a mais para não se destruir a vida humana.
Eles ensinavam que “aquele que derramar o sangue humano terá o
seu próprio sangue derramado pelo homem, pois Deus fez o homem à sua imagem”.

A hora da adoração pública no Éden era o meio-dia; o pôr-do-sol era a hora da adoração familiar.

Adão fez o que podia para desencorajar o uso de orações prontas, ensinando que a oração eficaz devia ser integralmente individual, que devia ser o “desejo da alma”; mas os edenitas continuaram a usar as preces e as formas transmitidas nos tempos da Dalamátia.

Adão também se esforçou para substituir os sacrifícios de sangue, nas cerimônias religiosas, pelas oferendas de frutos da terra, mas pouco progresso havia sido feito antes da desagregação do Jardim.

Adão tentou ensinar às raças sobre a igualdade dos sexos. O modo pelo qual Eva trabalhava ao lado do seu marido exercia uma profunda impressão sobre todos os moradores do Jardim.

Adão ensinara a eles, definitivamente, que a mulher, em igualdade com o homem, contribui com aqueles fatores da vida que se unem para formar um novo ser. Até então, a humanidade havia presumido que toda a procriação residia “na força do pai para gerar”; e havia considerado a mãe como um simples instrumento para nutrir aqueles que nasceriam e amamentar o recém-nascido.

Adão ensinou aos seus contemporâneos tudo o que podiam compreender e isso, relativamente falando, não era muito.

Entretanto, os filhos mais inteligentes das raças da Terra aguardavam ansiosamente a época em que lhes seria permitido casar-se com os filhos superiores da raça violeta. E em que mundo diferente a Terra não se teria transformado, se esse grande plano de elevação das raças houvesse sido levado adiante! Mesmo sendo como foi, ganhos imensos resultaram da pouca quantidade do sangue dessa raça importada a qual foi assegurada incidentalmente aos povos evolucionários.

E, assim, Adão trabalhou para o bem-estar e para a elevação do mundo da sua permanência. Todavia, era uma tarefa difícil conduzir esses povos mestiços e miscigenados por um caminho melhor.



A Lenda da Criação

A história da criação da Terra, em seis dias, foi baseada na tradição de que Adão e Eva haviam demorado exatamente seis dias para o seu estudo inicial do Jardim. Essa circunstância conferiu uma ratificação quase sagrada ao período de tempo da semana originalmente introduzido pelos dalamatianos. O tempo de seis dias que Adão passou inspecionando o Jardim e formulando os planos preliminares para a sua organização não foi preconcebido; foi trabalhado dia a dia. A escolha do sétimo dia para a adoração foi totalmente incidental, e ligada aos fatos aqui narrados.

A lenda de que o mundo foi criado em seis dias veio bem posteriormente; de fato surgiu mais de trinta mil anos mais tarde. Um aspecto da narrativa, o repentino surgimento do sol e da lua, pode ter tido origem nas tradições de que o mundo haja outrora emergido subitamente de uma nuvem densa de partículas diminutas do espaço, que, durante muito tempo, haviam obscurecido tanto o sol quanto a lua.

A história de que Eva fora criada da costela de Adão é uma condensação confusa da chegada Adâmica e da cirurgia celeste, ligada à troca de substâncias vivas associadas à vinda do corpo de assessores corpóreos do Príncipe Planetário, mais de quatrocentos e cinqüenta mil anos antes.

A maioria dos povos do mundo tem sido influenciada pelas tradições de que Adão e Eva tinham formas físicas criadas para eles quando da sua chegada à Terra. A crença de que o homem foi criado do barro era quase universal no hemisfério oriental; essa tradição pode ser encontrada desde as Ilhas Filipinas até a África, dando a volta ao mundo. E muitos grupos aceitaram essa história do homem vindo do barro, por alguma forma de criação especial, no lugar das crenças anteriores na criação progressiva — a evolução.

Fora das influências da Dalamátia e do Éden, a humanidade tinha a tendência a acreditar na ascensão gradual da raça humana. A evolução não é uma descoberta moderna; os antigos entendiam o caráter lento e evolucionário do progresso humano. Desde o início da sua civilização, os gregos tinham idéias claras sobre isso, apesar da sua proximidade da Mesopotâmia. Embora as várias raças da Terra tenham se confundido nas suas noções de evolução, entretanto, muitas das tribos primitivas acreditavam e ensinavam que eram descendentes de vários animais. Os povos primitivos tinham o hábito de escolher para seus “totens” os animais da sua origem presumida. Certas tribos de índios norte-americanos acreditavam haverem tido a sua origem nos castores e coiotes. Certas tribos africanas ensinam que são descendentes de hienas; uma tribo malaia, que descendem dos lêmures; um grupo de Nova Guiné, que os seus membros vêm do papagaio.

Os babilônios, em conseqüência do seu contato direto com os remanescentes da civilização dos
adamitas, ampliaram e tornaram mais bela a história da criação do homem; eles ensinaram que este
descendia diretamente dos deuses. E atinham-se a uma origem aristocrática da raça, a qual era
incompatível até mesmo com a doutrina da criação a partir do barro.

O relato do Antigo Testamento sobre a criação data de uma época muito posterior a Moisés; ele nunca ensinou aos hebreus uma história tão distorcida. Ele apresentou, sim, uma narrativa simples e condensada da criação aos israelitas, esperando com isso aumentar o seu apelo de adoração do Criador, o Pai Universal, a quem ele chamava de o Senhor Deus de Israel.

Nos seus ensinamentos iniciais, com muita sabedoria, Moisés não tentou ir até antes da época de Adão e, posto que foi o instrutor supremo dos hebreus, as histórias de Adão tornaram-se intimamente
associadas com as da criação. Que as tradições iniciais reconheciam as civilizações pré-Adâmicas é
visivelmente mostrado pelo fato de que os editores posteriores, com a intenção de erradicar todas as
referências aos assuntos humanos antes da época de Adão, esqueceram-se de retirar a referência indicadora da emigração de Caim para a “terra de Nod”, onde ele encontrou uma esposa.

Os hebreus não tiveram uma língua escrita de uso generalizado, até muito depois de chegarem à Palestina. Eles aprenderam o uso de um alfabeto dos vizinhos filisteus, refugiados políticos da civilização superior de Creta. Os hebreus pouco escreveram até por volta de 900 a.C. e, não tendo nenhuma linguagem escrita até uma data tão tardia, eles tinham em circulação várias histórias diferentes da criação, mas, depois do cativeiro babilônio, eles inclinaram-se mais para a aceitação de uma versão mesopotâmica modificada.

A tradição judaica ficou cristalizada no que se refere a Moisés e, por que ele se empenhou em restaurar a linhagem de Abraão até Adão, os judeus assumiram que Adão tivesse sido o primeiro homem de toda a humanidade. Yavé era o criador e ele deve haver feito o mundo justamente antes de criar Adão, já que se tinha Adão como o primeiro homem.
E, então, a tradição dos seis dias de Adão entra na história, resultando que quase mil anos depois da estada de Moisés na Terra; a tradição da criação em seis dias foi escrita e ulteriormente atribuída a ele.

Quando os sacerdotes judeus retornaram a Jerusalém, eles haviam já terminado de escrever a sua narrativa do começo das coisas. Logo eles reivindicaram essa narrativa como uma históriar recentemente descoberta da criação, escrita por Moisés.

Contudo, os hebreus contemporâneos, da época de 500 a.C., não consideraram esses escritos como sendo revelações divinas, eles os consideraram como sendo o que os povos mais recentes chamam de narrativas mitológicas.

Esse documento espúrio, com a reputação de ser um ensinamento de Moisés, foi trazido à consideração de Ptolomeu, o rei grego do Egito, que fez com que uma comissão de setenta eruditos o traduzisse para o grego, para a sua biblioteca em Alexandria.

E, assim, essa narrativa encontrou o seu lugar entre aqueles escritos que posteriormente se tornaram uma parte das coleções ulteriores das “sagradas escrituras” dos hebreus e das religiões cristãs. E, por identificação com esses sistemas teológicos, durante um longo tempo, esses conceitos influenciaram profundamente a filosofia de muitos povos ocidentais.

Os instrutores cristãos perpetuaram a crença de um “fiat” momentâneo para a criação da raça humana, e tudo isso levou diretamente à formação da hipótese de que haja havido uma idade de ouro, de bênção utópica, com a teoria da queda do homem ou do super-homem; e isso explica a condição não utópica da sociedade.

Essas perspectivas da vida e do lugar do Homem no universo eram, no mínimo, desencorajantes, posto que se baseavam na crença da regressão mais do que na progressão, bem como implicavam uma Deidade vingativa, a qual fez a sua cólera desabar sobre a raça humana, em retaliação pelos erros de certos administradores planetários de outrora.

A “idade de ouro” é um mito, mas o Éden foi um fato; e a civilização do Jardim foi de fato arruinada.

Durante cento e dezessete anos, Adão e Eva persistiam no Jardim, quando, por causa da impaciência de Eva e dos erros de julgamento de Adão, eles cometeram a presunção de desviar-se do caminho ordenado, trazendo rapidamente o desastre sobre si próprios e retardando, de um modo desastroso, o progresso do desenvolvimento em toda a Terra.

[Narrado por Solônia, a seráfica “voz do Jardim”.]

(clicar aqui para ler "A Falta de Adão e Eva parte 1)

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